Ensaio sobre o Amor

28-05-2013 00:00

O Amor não pode ser inteiramente percebido quer de uma forma mental ou de uma forma emocional. Cada um tenta descrever o Amor segundo o entende. Uns falam de emoções, outros de estados de espirito, outros ainda de comportamento e atitudes. O Amor é uma manifestação da alma e é por isso que ele é tão mal percebido nos dias de hoje.

 

Despido do involucro humano o Amor surge da Alma de forma sublime. É manifestação de ela mesma e assim irradia perfeito com prazer, calor, harmonia e aceitação. O Amor é reconhecimento da partícula divina no centro de nós, e por isso mesmo, por desconhecimento dos assuntos da Alma, o Amor surge incompreendido, contraditório, fonte de tantas magoas, raivas e tristezas.

 

Quando nos relacionamos com alguém não significa que tenhamos Amor por essa pessoa. Num relacionamento surgem emoções, ideias, comportamentos vários que se baseiam na estruturação da psique de ambos os indivíduos. Normalmente o Amor surge como algo inesperado na relação, algo de novo e surpreendente que não se pode explicar para lá de um sentimento de bem estar e de alinhamento perfeito com um momento ou período da nossa vida.

 

Este estado surge de dentro de nós mesmos, da manifestação da alma despida do supérfluo. No Amor nada tem a normal importância, é um estado de aceitação suprema onde toda a nossa vida se apresenta de uma forma diferente, num estado de felicidade maior. Assim, sentir este Amor é estar em contacto com nossa Alma, amar alguém é identificar a existência da Alma do outro, ser amado é ter alguém a reconhecer a nossa natureza divina.

 

Todos já sentimos Amor em alguma altura da nossa vida, todos o desejamos, mas poucos percebemos de onde ele veio e porque é que não se mantem sempre presente nas nossas vidas. Associamos a um sentimento externo de nós, dependente de determinada pessoa, associamos ao papel que alguém tem para connosco ou de nós para com outros, fazemos mil associações mas raramente percebemos que ele está sempre connosco, que vem de dentro, um potencial latente da manifestação da nossa Alma.

 

Acredito que o motivo de tantas relações conflituosas e não produtivas para o bem estar dos envolvidos advém do desejo de basear as relações em estruturas psíquicas que não a nossa Alma. Assim procuramos o Amor onde ele não existe, associamos o Amor ao que não é capaz de amar e culpamos o outro pela falta de contacto que temos com nós mesmos. Estabelecemos relações amorosas assentes em algo que não o amor, algo que sustenta uma existência não centrada na nossa Alma e na manifestação do Amor.

É então curioso de observar como somos capazes de sentir Amor num cruzar de olhares passageiros, mas não somos capazes de Amar a mesma pessoa por uma vida.

 

Amar parte por amarmo-nos a nós mesmos, reconhecendo em nós e nos nossos iguais a existência de uma natureza divina.

 

Afonso Guimarães

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